Get me outta here!

sábado, 27 de maio de 2017

LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - POSTO 5

POSTO 5

LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO

Cena acre doce de praia.
 
Alzira, 43 anos, funcionária pública graduada, bonita mesmo se não tivesse feito a plástica, divorciada, uma filha que mora com o pai, Posto 5, domingo de manhã, avista, vindo na sua direção entre os guarda-sóis e os argentinos, Rogério, de 22 anos. Seu coração pula no peito como se tivesse 19. Ela procura seus cigarros dentro da grande bolsa de praia – loção, lenço de papel, O Globo, meu Deus, ele está chegando perto! – para disfarçar seu alvoroço. Rogério pára entre ela e o mar e diz, meu Deus:
- Oi, Alzira.
Ela ainda não decidiu o que fazer, que cara usar, o que dizer. Seis meses e ele diz “Oi”. Ela devia mandá-lo passear. Virar a cara. Chamá-lo de cafajeste e mal agradecido. Tudo menos aquela vontade de abraçar as suas pernas e recebê-lo de volta.
- Como vai, Rogério?
- Legal, e você? Tá boazinha?
Ele agacha-se ao seu lado. Ela intensifica a busca dos cigarros. Calma, Alzira. Lembre-se de que você jurou. Nunca mais. Mesmo se ele voltasse de joelhos. Ele põe um joelho no chão. Toca o cabelo dela com a ponta dos dedos.
- Você parece ótima.
- Eu estou ótima.
- E você?
- Vai-se levando.
- Você tem um cigarro? Eu não encontro os...
- Você está fumando de novo?
Por sua causa, cafajeste. Cigarro, Valium e desespero. Só não me matei por causa da minha filha.
- Fumo pouco.
- Corta essa.
- Você não veio aqui para me dizer isso, foi?
- Você está magoada comigo?!
- Por que magoada? Só o que você fez foi me deixar um dia, sem qualquer explicação, sem um telefonema, sem... Acontece todos os dias.
- Não tinha o que explicar.
- Esperei dois meses e dei as suas cuecas para o porteiro.
- Alzira...
Aquele sorriso. Calma, Alzira. Frieza. Não peça compaixão. Não peça nada. Se ele quiser voltar, imponha condições. Você está indo bem, Alzira. Ele se deu conta do que perdeu. Não diga nada. Deixe ele falar. Ele está falando.
- Você é uma pessoa muito importante para mim.
- Sou?
- Nunca conheci ninguém como você.
- Sei.
- Verdade. Acho que com você, sei lá. Eu me transformei com você. Fiquei mais maduro. Foi um negócio muito sério. Profundo...
É o seu triunfo, Alzira. Saboreie.
- Acho que o que houve entre nós dois foi profundo demais para ser destruído. Entende? Eu estava errado. Não devia ter dado no pé como dei.
- Acontece.
- Não seja assim, Alzira.
- Assim, como?
- Você ficou magoada.
- Não fiquei. Foi bom e acabou. Pronto.
Agora ele vai dizer que não acabou. Que não precisa acabar. Ele está com os dois joelhos na areia. Ele vai implorar, Alzira. Ele diz:
- Tem uma pessoa que eu quero que você conheça.
Alzira, Alzira...
- Quem é?
- Ela está comigo. Posso trazer aqui?
- Traz, ora.
Ele ergueu-ser e corre para a beira do mar. São 11 horas. Alzira pensa em correr também. Para casa. Dar no pé. Está tonta. Procura os óculos escuros no bolsão. Encontra os cigarros, mas não encontra os óculos. Rogério está voltando. Traz uma moça pela mão. Dezoito anos.
- Alzira, Silvia. Silvia, Alzira.
- Oi, Silvia.
- Como vai a senhora?
- A Silvia é minha noiva, Alzira.
- Opa. Noiva?
- Eu queria que você conhecesse.
- Ela é muito bonita.
- A Alzira é uma pessoa...
Ele vai dizer que você é quase uma mãe para ele, Alzira. Ele tocou o seu cabelo com a ponta dos dedos, Alzira.
- ... uma pessoa que eu respeito muito. A opinião dela.
- Pois a minha opinião é que Silvia é um doce. Parabéns.
- Muito obrigado.
- Obrigado por quê?
- Por tudo.
- O que é isso, meu filho?
Depois que eles se afastam, Alzira abre sua bolsa de praia com firmeza. Primeiro, precisa encontrar os óculos escuros. Depois pegar um lenço de papel para assoar o nariz, que a vida é assim mesmo.

VERÍSSIMO, Luís Fernando; Melhor das Comédias da Vida Privada, O; Rio de Janeiro, RJ: Objetiva, 2004; pgs72/75

sexta-feira, 26 de maio de 2017

DESCONHECIDO - NADA COMO O TEMPO

NADA COMO O TEMPO

Desconhecido
Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com uma outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela.

Percebe também que aquele alguém que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente não é o "alguém" da sua vida.

Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você.

O segredo é não correr atrás das borboletas... é cuidar do jardim para que elas venham até você.

No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!
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quarta-feira, 24 de maio de 2017

BE LOPES - QUE PAÍS É ESSE?

QUE PAÍS É ESSE?
BE LOPES
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Agora uma rima...
Enquanto isso aqui no Brasil...
- Eu estou muito preocupada com toda essa situação...
- Se roubo uma galinha!? Me mandam logo para a prisão!
Lula é inocente! (- Tadinho né?! - dizem todos os esquerdistas: - Não tem prova dele, não!). Os direitistas nervosos gritam: - Prende logo esse ladrão!
- DÁ PARA ACREDITAR EM TAMANHA GOZAÇÃO!?
A Dilma de guerrilheira... se tornou marionete! – Só era manipulada, fez nada não!, a coitada (nem é!?) e se sentiu injustiçada!
O Temer mais que esperto, passou logo o arrastão! Virou Presidente da nação! Que situação!!!
E o povo grita na rua: - Aécio é o maior bandidão!
De repente chega o Moro bradando:
- Tão tudo com o c...⃰ na mão. Vou levá-los à prisão!... Só que não deu certo, não!
- Esta história meus amigos, não terminou, não! Pois tem muita maracutaia escondida de montão! Bilhões e bilhões rolando soltos... e você defendendo “bundão”!
-Vê se toma vergonha na cara e não defenda ladrão.

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terça-feira, 23 de maio de 2017

DESCONHECIDO - JÁ!

JÁ!

DESCONHECIDO
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Já escondi um amor com medo de perdê-lo, já perdi um amor por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade...
Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já caí inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas, nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das ideias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco que vou dizer:

- E daí? EU ADORO VOAR!
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DESCONHECIDO - UM DIA...

UM DIA...

DESCONHECIDO

Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é bobagem. Você não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela...
Resultado de imagem para UM DIA...Um dia nós percebemos que as mulheres têm instinto "caçador" e fazem qualquer homem sofrer ...
Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável...
Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples...
Um dia percebemos que o comum não nos atrai...
Um dia saberemos que ser classificado como "bonzinho" não é bom...
Um dia perceberemos que a pessoa que nunca te liga é a que mais pensa em você...
Um dia percebemos que somos muito importantes para alguém, mas não damos valor a isso...
Um dia percebemos como aquele amigo faz falta, mas aí já é tarde demais...
Enfim...
Um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para beijarmos todas as bocas que nos atraem, para dizer o que tem de ser dito...

O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras...

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LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - O HOMEM TROCADO

O HOMEM TROCADO

LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO

Resultado de imagem para ENGANOO homem acorda da anestesia e olha em volta. Ainda está na sala de recuperação. Há uma enfermeira do seu lado. Ele pergunta se foi tudo bem.
- Tudo perfeito - diz a enfermeira, sorrindo.
- Eu estava com medo desta operação...
- Por quê? Não havia risco nenhum.
- Comigo, sempre há risco. Minha vida tem sido uma série de enganos...
E conta que os enganos começaram com seu nascimento. Houve uma troca de bebês no berçário e ele foi criado até os dez anos por um casal de orientais, que nunca entenderam o fato de terem um filho claro com olhos redondos. Descoberto o erro, ele fora viver com seus verdadeiros pais. Ou com sua verdadeira mãe, pois o pai abandonara a mulher depois que esta não soubera explicar o nascimento de um bebê chinês.
 - E o meu nome? Outro engano.
- Seu nome não é Lírio?
- Era para ser Lauro. Se enganaram no cartório e...
Os enganos se sucediam. Na escola, vivia recebendo castigo pelo que não fazia. Fizera o vestibular com sucesso, mas não conseguira entrar na universidade. O computador se enganara, seu nome não apareceu na lista.
- Há anos que a minha conta do telefone vem com cifras incríveis. No mês passado tive que pagar mais de R$ 3 mil.
- O senhor não faz chamadas interurbanas?
- Eu não tenho telefone!
Conhecera sua mulher por engano. Ela o confundira com outro. Não foram felizes.
- Por quê?
- Ela me enganava.
Fora preso por engano. Várias vezes. Recebia intimações para pagar dívidas que não fazia. Até tivera uma breve, louca alegria, quando ouvira o médico dizer:
- O senhor está desenganado.
Mas também fora um engano do médico. Não era tão grave assim. Uma simples apendicite.
- Se você diz que a operação foi bem...
A enfermeira parou de sorrir.
- Apendicite? - perguntou, hesitante.
- É. A operação era para tirar o apêndice.

- Não era para trocar de sexo?

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quarta-feira, 3 de maio de 2017

ANONIMO - FILHO VAGABUNDO

FILHO VAGABUNDO

anonimo


Resultado de imagem para VAGABUNDOO cara termina o segundo grau e não quer fazer faculdade. Então o pai liga para um amigo político.
- Rodriguez meu velho, lembra do meu filho? Pois é. Terminou o segundo grau e anda meio à toa. Será que você não consegue um emprego para o rapaz?
- Zé já tenho! Assessor na Comissão de Saúde, R$ 9mil por mês, para começar.
- Você  está louco? O guri mal saiu do colégio, não vai querer estudar nunca mais. Consiga algo menor.
- Zé, secretário de um deputado, salário modesto, R$ 5mil, quer?
- Não, Rodriguez! Algo com um salário baixo. Eu quero que o guri tenha vontade de estudar depois.
- Olha, Zé, posso conseguir um carguinho de ajudante de arquivo, alguma coisa de informática, mas aí é merreca, R$ 2.800 por mês.
- Rodriguez, isso não, por favor. Alguma coisa de R$ 500, R$ 600, para começar.

- Impossível, Zé! Assim, só vaga de professor ou médico. Mas aí precisa ter curso superior e prestar concurso.  É difícil!Resultado de imagem para VAGABUNDO

ANÔNIMO - ANANSE

Ananse
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Ananse, ou Anansi, é uma lenda africana. Conta um caso interessante, no qual no mundo antigo não havia histórias e por isso viver aqui era muito triste.
Houve um tempo em que na Terra não havia histórias para se contar, pois todas pertenciam a Nyame, o Deus do Céu. Kwaku Ananse, o Homem Aranha, queria comprar as histórias de Nyame, o Deus do Céu, para contar ao povo de sua aldeia, então por isso um dia, ele teceu uma imensa teia de prata que ia do céu até o chão e por ela subiu.
Quando Nyame ouviu Ananse dizer que queria comprar as suas histórias, ele riu muito e falou: - O preço de minhas histórias, Ananse, é que você me traga Osebo, o leopardo de dentes terríveis; Mmboro os marimbondos que picam como fogo e Moatia a fada que nenhum homem viu.
Ele pensava que com isso, faria Ananse desistir da idéia, mas ele apenas respondeu: - Pagarei seu preço com prazer, ainda lhe trago Ianysiá, minha velha mãe, sexta filha de minha avó.
Novamente o Deus do Céu riu muito e falou: - Ora Ananse, como pode um velho fraco como você, tão pequeno, tão pequeno, pagar o meu preço?
Mas Ananse nada respondeu, apenas desceu por sua teia de prata que ia do Céu até o chão para pegar as coisas que Deus exigia. Ele correu por toda a selva até que encontrou Osebo, leopardo de dentes terríveis. - Aha, Ananse! Você chegou na hora certa para ser o meu almoço.
- O que tiver de ser será - disse Ananse - Mas primeiro vamos brincar do jogo de amarrar? O leopardo que adorava jogos, logo se interessou: - Como se joga este jogo? - Com cipós, eu amarro você pelo pé com o cipó, depois desamarro, aí, é a sua vez de me amarrar. Ganha quem amarrar e desamarrar mais depressa. - disse Ananse. - Muito bem, rosnou o leopardo que planejava devorar o Homem Aranha assim que o amarrasse.
Ananse, então, amarrou Osebo pelo pé, pelo pé e pelo pé, e quando ele estava bem preso, pendurou-o amarrado a uma árvore dizendo: - Agora Osebo, você está pronto para encontrar Nyame o Deus do Céu.
Aí, Ananse cortou uma folha de bananeira, encheu uma cabaça com água e atravessou o mato alto até a casa de Mmboro. Lá chegando, colocou a folha de bananeira sobre sua cabeça, derramou um pouco de água sobre si, e o resto sobre a casa de Mmboro dizendo: - Está chovendo, chovendo, chovendo, vocês não gostariam de entrar na minha cabaça para que a chuva não estrague suas asas? - Muito obrigado, Muito obrigado!, zumbiram os marimbondos entrando para dentro da cabaça que Ananse tampou rapidamente.
O Homem Aranha, então, pendurou a cabaça na árvore junto a Osebo dizendo: - Agora Mmboro, você está pronto para encontrar Nyame, o Deus do Céu.
Depois, ele esculpiu uma boneca de madeira, cobriu-a de cola da cabeça aos pés, e colocou-a aos pés de um flamboyant onde as fadas costumam dançar. À sua frente, colocou uma tigela de inhame assado, amarrou a ponta de um cipó em sua cabeça, e foi se esconder atrás de um arbusto próximo, segurando a outra ponta do cipó e esperou. Minutos depois chegou Moatia, a fada que nenhum homem viu. Ela veio dançando, dançando, dançando, como só as fadas africanas sabem dançar, até aos pés do flamboyant. Lá, ela avistou a boneca e a tigela de inhame.
- Bebê de borracha. Estou com tanta fome, poderia dar-me um pouco de seu inhame?
Ananse puxou a sua ponta do cipó para que parecesse que a boneca dizia sim com a cabeça, a fada, então, comeu tudo, depois agradeceu: - Muito obrigada bebê de borracha.
Mas a boneca nada respondeu, a fada, então, ameaçou: - Bebê de borracha, se você não me responde, eu vou te bater.
E como a boneca continuasse parada, deu-lhe um tapa ficando com sua mão presa na sua bochecha cheia de cola. Mais irritada ainda, a fada ameaçou de novo: - Bebê de borracha, se você não me responde, eu vou lhe dar outro tapa."
E como a boneca continuasse parada, deu-lhe um tapa ficando agora, com as duas mãos presas. Mais irritada ainda, a fada tentou livrar-se com os pés, mas eles também ficaram presos. Ananse então, saiu de trás do arbusto, carregou a fada até a árvore onde estavam Osebo e Mmboro dizendo: - Agora Mmoatia, você está pronta para encontrar Nyame o Deus do Céu.
Aí, ele foi a casa de Ianysiá sua velha mãe, sexta filha de sua avó e disse: - Ianysiá venha comigo vou dá-la a Nyame em troca de suas histórias.
Depois, ele teceu uma imensa teia de prata em volta do leopardo, dos marimbondos e da fada, e uma outra que ia do chão até o Céu e por ela subiu carregando seus tesouros até os pés do trono de Nyame. - Ave Nyame! - disse ele -Aqui está o preço que você pede por suas histórias: Osebo, o leopardo de dentes terríveis, Mmboro, os marimbondos que picam como fogo e Moatia a fada que nenhum homem viu. Ainda lhe trouxe Ianysiá minha velha mãe, sexta filha de minha avó.
Nyame ficou maravilhado, e chamou todos de sua corte dizendo: - O pequeno Ananse, trouxe o preço que peço por minhas histórias, de hoje em diante, e para sempre, elas pertencem a Ananse e serão chamadas de histórias do Homem Aranha! Cantem em seu louvor!
Ananse, maravilhado, desceu por sua teia de prata levando consigo o baú das histórias até o povo de sua aldeia, e quando ele abriu o baú, as histórias se espalharam pelos quatro cantos do mundo vindo chegar até aqui.

 

A mitologia africana é muito diversificada tendo em vista a extensão do território que é dividido em regiões, países, estados, cidades, tribos, culturas, grupos linguísticos e grupos étnicos.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

CHARLES CHAPLIN - O CAMINHO DA VIDA

O Caminho da Vida

CHARLES CHAPLIN

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.
A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios.
Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria.
Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.
Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

FIN

ALMANY FALCÃO - REMINISCÊNCIAS

REMINISCÊNCIAS

Almany Falcão - Poeta do sol

Resultado de imagem para REMINISCÊNCIASUm dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos...
Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido... Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre...
Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nos e-mails trocados...
Podemos nos telefonar... conversar algumas bobagens. Aí os dias vão passar... meses... anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro. Vamos nos perder no tempo...
Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão: Quem são aquelas pessoas? Diremos que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto!!! Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida!
A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... nos reuniremos para um último adeus de um amigo. E entre lágrima nos abraçaremos...
Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado... E nos perderemos no tempo...
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades...

ADELAIDE ABREU DOS SANTOS - A MENINA DO MOINHO D'ÁGUA

A MENINA DO MOINHO D’ÁGUA

ADELAIDE ABREU DOS SANOTS

quete
Foi  ouvir o som do canto em notas decrescentes do pula-pula-assobiador ou Quete (Basileuterus leucoblepharus). Mesmo quando todas as outras aves estavam quietas, ele estava lá, cantando insistentemente!
Era uma vez uma família, que morava numa fazenda em Minas Gerais e lhe deu o nome de “Canto do Quete”(na figura do topo), porque o que mais se ouvia era o canto dessa ave canora por entre os ramos das árvores. Ao amanhecer iniciava-se o canto que prevalecia envolvendo a fazenda numa nuvem melódica o dia inteiro e ao entardecer paulatinamente silenciavam.
Os moradores da fazenda eram um casal, que ali fizeram seu ninho de amor e desse amor brotaram cinco rebentos embalados pela melodia do Quete.
A vida prosseguia na faina diária de sol a sol o pai trabalhava na sua criação de porcos, vacas, galinhas, patos, cabras e ovelhas e amanhava uma parte da terra, além de supervisionar o serviço dos arrendatários, pois como a terra era extensa arrendou-a a alguns meeiros.
Após alguns anos a população da casa foi crescendo. Chegou uma filha, logo depois outra, o que equivalia a dizer que não teriam braços para ajudá-los, mas o terceiro foi um rapazinho, orgulho do pai, pois seria o seu sucessor e auxiliar nos serviços da fazenda, novamente a mulher engravidou e a expectativa era grande, mas graças a Deus veio outro menino, mais um para somar nos serviços da fazenda e eis que chega mais uma gravidez, ficaram na expectativa do desempate, os homens querendo mais um e elas mais uma e eis que nasce a pequenina Silvia, portanto as mulheres ficaram em maioria.
Esta pequerruchinha deixou todos boquiabertos e encantados, pois era uma bonequinha, mimosa e muito alegre, bastava olhar para ela que sorria. Quando começou com o gugu... dada..., todos corriam para vê-la, era a rainha da casa, mantinha o pai e todos abobados com suas gracinhas. Se ameaçasse chora, todos corriam preocupados, temendo o que havia acontecido com a pequenina, era puro dengo. Só queria chamar a atenção! O tempo foi passando e ela crescendo rodeada de carinho e atenção.
Silvia era a mais sapeca e alegre, não obstante fosse a menorzinha, porém o que tinha de pequenina, tinha de esperta e de ativa. Tudo observava, tudo lhe interessava e percorria os caminhos da fazenda com suas perninhas curtas e seus passos inseguros, olhando cada animalzinho, ou inseto, cada flor do mato, tudo enfim não lhe escapava, sua curiosidade a levava a perguntar sobre tudo o que via e não sossegava enquanto não obtivesse uma resposta.
O pai era para ela um homenzarrão, quando o via se encolhia, pois a voz dele era tonitruante e a mãe o atendia imediatamente, volteava em torno dele qual borboleta. Quando o pai chegava a casa após uma tarefa de suas tarefas, fosse de fiscalização dos meeiros, fosse após o abate e esquartejamento de uma res, sentava-se soberano na sua cadeira e a esposa atenciosa, ora trazia uma bacia e água quente para seus pés cansados ou algum suco, café, biscoitos, ou até um tira gosto e ele ficava lá esparramado se deleitando com a atenção que recebia.
Todos os dias o ritual era o mesmo. Quando havia o abate de uma das cabeças de gado, levava-a para ser esquartejada, vendia as melhores peças e a sobra, que normalmente eram as vísceras, levava-os para a família. A esposa então lavava o se quinhão e guardava nos tachos em salmoura, ou na banha para ser consumido nas refeições da família.
O senhor todo ufano seguia seu ritual diário de afazeres. Vez ou outra trazia um naco melhor de carne para a família, ou abatia uma ovelha, um porco ou outro dos espécimes que possuía e a família se deleitava com essas dádivas, eventuais e os deliciosos quitutes feitos pela mãe.
A esposa tinha uma azáfama interminável para ter a casa sempre em ordem, roupas lavadas e engomadas, refeições sempre a tempo e a horas, cozinha sempre arrumada e as crianças sempre asseadas e bem alimentadas, as roupas quando sofriam um acidente, como a perda de um botão ou rasgadas no arame da cerca, os botões eram sempre pregados e os rasgões passajados, não deixava brecha nenhuma nos seus afazeres.
As crianças foram crescendo e começaram a assumir gradativamente as suas responsabilidades, dividindo-as com os pais, claro que não na mesma proporção, mas qualquer ajuda seria bem vinda.
Assim é que as moças começaram a se responsabilizar pela roupa e pela limpeza da cozinha e os rapazes a tomar conta da alimentação dos animais e a fiscalizar a produção dos meeiros, aliviando assim o trabalho dos pais.
A pequerrucha também não foi esquecida, juntava os sapatos, raspava-lhes a lama; ia ao quintal com uma cestinha recolher os ovos das galinhas, jogar-lhes o milho para comerem, e jogar a comida para os patos, lavar o pratinho do gato e pôr leite, lavar o pratinho do cachorro e pôr comida, enfim ajudava com as pequenas atividades. Além de brincar no quintal, trepar nas árvores para pegar frutas e comê-las. Tomar banho no rio perto do moinho d’água.
Havia também os passeios à aldeia, aonde iam vez ou outra. A família toda tomava um banho mais caprichado e se paramentava toda com suas roupas domingueiras e lá iam de charrete pela estrada de chão para a Vila comprar os artigos de que necessitavam. A mãe conduzia a charrete com as crianças sentadinhas na tábua de trás e o pai acompanhava-os a cavalo, ladeando o veículo.
Nessas incursões à vila a família comprava peças de tecido inteiras para a mãe fazer lençóis, fronhas, que seriam confeccionados pela mãe na sua máquina de costura. Além é claro de comprar tecidos para a roupa dos filhos, também às peças e que também seriam cortadas e costuradas por ela, para que os filhos tivessem roupas compatíveis com seu novo tamanho, mesmo porque as outras já estavam bem surradas e só serviam para serviços pesados. Sapatos eram comprados uma vez por ano, então os menores só viviam descalços, pois os pés cresciam mais rápidos do que a volta à cidade após um ano, para comprá-los. As crianças viviam descalças na fazenda e só lavavam os pés quando iam para a cama dormir.
Outro momento incrível era o do banho. Era uma farra, pegavam os enxugadores, ou toalhas, ou lençóis velhos e as roupas e se dirigiam para o rio, perto do moinho d’água, lá se enfiavam sob a roda d’água e usavam a água que escorria do moinho para tomar banho, com uma bucha vegetal. Era uma alegria, davam gritos por causa da água fria, que momentos inocentes e felizes!
Durante o banho faziam a maior farra, jogando água uns nos outros, fazendo a maior guerra de água. Era uma verdadeira festa. Os queixos batiam, os dentes pareciam castanholas, o corpo tiritava, as bocas ficavam roxas, tal era o frio, mas a gritaria ajudava a distrair e o melhor era se enrolar no enxugador e correr para dentro de casa e ficar perto do fogão a lenha, que mais parecia uma lareira, com o calorzinho que espalhava pela cozinha. Vestiam os pijamas flanelados e jantavam para ir dormir. O que ocorria por volta das seis horas, pois a fazenda não possuía eletricidade, só lampiões a óleo, uma iluminação feérica e que convidava as crianças a dormir, como se dizia na época: “dormir com as galinhas!”
No dia seguinte, assim que o sol ameaçava abrir um olho, as crianças já estavam no quintal, estremunhadas para a execução de suas tarefas, como coleta de ovos, alimentação dos animais, ordenha das vacas e depois voltavam par casa para tomar o café da manhã com os pais.
Silvia depois do café tinha como obrigação brincar, já que era a pequenininha da família, não tinha idade, nem tamanho para se envolver com tarefas pesadas. Suas brincadeiras eram as mais variadas: correr atrás das galinhas para enxotá-las, seguir o caminho das formigas, roubar as folhas que carregavam, ver o camaleão mudar de cor, de acordo com o local onde se apoiava, perseguir o tamanduá, os cabritinhos, enfim toda a gama de animais criados, ou os nativos da fazenda ela os perseguia e observava.
Além de tudo isso trepava nas árvores que eram mais baixinhas e comia as frutas diretamente do pé. Cavocava a terra, plantando galhos e sementes, criando jardins, criava construções com as pedras para as bonecas de pano, na verdade era a boneca, pois era só uma, que a mãe tinha feito para ela.
Silvia viveu no seu mundo encantado de criança, sem tecnologia, mas com muita criatividade , motivada pela sua curiosidade e o seu desejo de se manter ocupada. Os dias passavam céleres com a menina descalça, palmilhando quilômetros de travessuras e espalhando gostosas gargalhadas argênteas por onde passava.
Silvia era a própria alegria encarnada num corpinho de criança, que por onde passava despertava sorrisos e a natureza se engalanava para vê-la, os animais a adoravam e as pessoas lhe tinham muita ternura. Essa era a menina do moinho d’água!

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