Get me outta here!

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

A MULHER CURIOSA E MÁ - FOLCLORE DO SUL E DE SÃO PAULO

A MULHER CURIOSA E MÁ
conto popular com animais falantes

                                  FONTE:BIBLIOTECA-HISTÓRIAS-FOLCLORE
              Era uma vez um homem que recebeu de Deus o dom de entender as falas dos animais.
                 Estava passeando pelo mato com a sua mulher.
         De vez em quando ele dava risada. A mulher perguntava por quê. Ele dizia: -À toa!
               Mas ela foi ficando curiosa. Tanto o apertou que ele confessou que estava escutando as vozes dos pássaros. Daí a pouco estavam dois cavalos conversando. Um dizia assim:
           - Opa! Hoje trabalhei, trabalhei e não comi quase nada. O outro retrucava:
              - Fui feliz, estou com a barrica cheia. O homem deu risada. A mulher quis saber por quê? E o que é que os cavalos estavam falando
             O marido respondeu-lhe:
             - Ah! Isso não conto, se contar morro.
        Daí então, até chegarem a casa e muitos dias seguidos, ela importunava o marido. Que tinha de lhe contar. Não adiantava e3le dizer que seria a morte. E ela repetia: 
        -Não tem que nada! Quero saber!  
              Teimou, teimou, até que o marido não aguentou mais e resolveu falar. Mandou o camarada buscar um caixão de defunto e o pôs no meio da sala. Dizia para a mulher:
       - Você não me estima, sabe que vou morrer e está me amolando para eu lhe contar a conversa dos cavalos. Nisso o galo veio do quintal, trepou no caixão, bateu as asas e cantou. O cachorro veio da cozinha e repreendeu o galo:
        - Mas, sim senhor! Não vê que o nosso dono vai morrer e você alegre, cantando! 
         O galo retrucou:
         - Que me importa? Ele vai morrer porque quer.
        - Porque quer, não senhor! Disse o cachorro. Não vê que a mulher não deixa de importuná-lo?
     - Ah! Se fosse comigo!... Disse o galo. Tenho vinte mulheres por minha conta no terreiro. É só alguma querer abusar um pouco, que já vou de espora e ensino!
         Então o homem chamou o camarada e disse:
      - Vá por aí e troque o caixão por um chicote. O camarada obedeceu. O homem pôs o chicote atrás das costas e foi-se aproximando da mulher:
        - Ainda quer saber a prosa dos cavalos?
        - Quero, sim!
     O homem segurou-a com a mão esquerda e com a direita desceu-lhe o chicote sem ligar para os seus gritos.
        - Ainda quer saber o que os cavalos falaram?
       - Não, não quero saber de nada, gemeu a mulher. Desde então, ficou boazinha e mansa.

HÁBITOS MEDIEVAIS


NOTA: PROCEDÊNCIA: SOROCABA E IPANEMA

ALUÍSIO DE ALMEIDA – Revista do Arquivo Municipal n. CXLIV, 1951 – PÁGS. 188-189

Fonte: HISTÓRIAS E LENDAS DE SÃO PAULO, PARANÁ E SANTA CATARINA. TOMO I, SELEÇ ÃO DE ALCEU MAYNARD ARAÚJO E VASCO JOSÉ TABORDA. DESENHOS DE J. LANZELOTTI. ED. LITERAT. 1962

0 comentários:

Postar um comentário