Febre,
hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou
chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três… trinta e três… trinta e três…
— Respire.
— Diga trinta e três.
— Trinta e três… trinta e três… trinta e três…
— Respire.
—
O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
Andorinha
Andorinha
lá fora está dizendo:
— “Passei o dia à toa, à toa!”
— “Passei o dia à toa, à toa!”
Andorinha,
andorinha, minha cantiga é mais triste!
Passei a vida à toa, à toa
Passei a vida à toa, à toa
Os Sapos
Enfunando
os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em
ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
— “Meu pai foi à guerra!”
— “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”.
Berra o sapo-boi:
— “Meu pai foi à guerra!”
— “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”.
Vede
como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O
meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Clame
a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas…”
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas…”
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