Uma
Árvore de Natal e um Casamento
FIÓDOR
DOSTOIÉVSKI
EXTRAÍDO DO LIVRO “OS MAIS BRILHANTES CONTOS DE DOSTOIÉVSKI”, 1970.
POSTADO POR SNAGA EM MAIO 19, 2008
PUBLICADO EM: - ÚLTIMOS CONTOS. MARCADO: DOSTOIÉSVSKI, SÉC. XIX.
EXTRAÍDO DO LIVRO “OS MAIS BRILHANTES CONTOS DE DOSTOIÉVSKI”, 1970.
POSTADO POR SNAGA EM MAIO 19, 2008
PUBLICADO EM: - ÚLTIMOS CONTOS. MARCADO: DOSTOIÉSVSKI, SÉC. XIX.
Um
dia destes, vi um casamento… mas não, prefiro falar-vos de uma árvore de Natal.
Achei o casamento bem bonito, mas a árvore de Natal me agradou mais. Nem sei
como, olhando para o casamento, me lembrei da árvore. Eis como o caso se
passou.
Há
cerca de cinco anos fui convidado, na véspera de Natal, para um baile infantil.
A pessoa que me convidou era um conhecido homem de negócios, cheio de relações
e maquinações, e, assim, não se há de estranhar que o baile infantil servisse
apenas de pretexto para os pais se reunirem e, no meio da multidão, se ocuparem
de seus interesses materiais com ar inocente e surpreendido.
Como
houvesse chegado ali por acaso e não tivesse nenhum assunto comum com os outros,
passei a noite de maneira muito independente. Havia mais um cavalheiro que,
como eu, não tinha, decerto, conhecidos no grupo, e participava casualmente da
felicidade familiar. Ele deu-me na vista antes de todos. Era um homem alto,
magro, muito sério, vestido muito decentemente. Notava-se que a felicidade da
família não lhe comunicava a menor alegria; mal se retirava a um cantinho,
cessava de sorrir e franzia as sobrancelhas espessas e negras.
Afora
o dono da casa, não conhecia vivalma em todo o baile. Via-se que ele se
entediava horrivelmente, mas que resolvera manter até o fim o papel do
homem que se diverte e é feliz. Soube depois que era um provinciano vindo à
capital a algum negócio importante e complicado. Trouxera carta de recomendação
para o nosso hospedeiro, que o protegia, porém, não con amore, e o convidara,
por cortesia, para o baile infantil. Não jogavam cartas com o provinciano,
ninguém lhe oferecia um charuto nem com ele entabulava conversação, talvez
porque reconhecessem de longe o pássaro pela plumagem, e, deste modo, o meu
cavalheiro via-se obrigado, para ter que fazer das mãos, a alisar a noite
inteira as suas suíças. Eram, aliás, umas suíças realmente belas – porém ele as
acariciava com tanto zelo que a gente, ao fitá-lo, sentia-se inclinada a pensar
que primeiro vieram ao inundo as suíças e só depois o homem, para cofiá-las,
inserido entre elas.
Além
desse personagem, que tomava parte na felicidade do dono da casa, pai de cinco
garotos bem nutridos, do modo que acabo de relatar, outro conviva caíra no meu
agrado. Mas este era de aspecto completamente diverso. Era um personagem a quem
os outros chamavam Julião Mastakovitch. Percebia-se à primeira vista que era
ele o convidado de honra. Estava para o dono da casa como este para o
cavalheiro que afagava as suíças. o dono e a dona da casa falavam-lhe com
amabilidade extraordinária, cortejavam-no, enchiam-lhe o copo, amimavam-no, e
lhe apresentavam, recomendando-os, vários convidados, ao passo que a ele não o
apresentavam a ninguém. Notei até uma lágrima nos olhos do hospedeiro quando
Julião Mastakovitch observou que raras vezes passara o tempo de maneira tão
agradável como naquela noite. Comecei a sentir-me acabrunhadíssimo em presença
de semelhante figura, e, depois de haver admirado as crianças, retirei-me a um
pequeno salão, totalmente vazio, e fui sentar-me sob o florido caramanchão da
dona da casa, o qual ocupava quase a metade de toda a peça.
Eram
as crianças incrivelmente gentis, e não queriam, apesar de todas as exortações
das mamães e das governantas, parecer-se com as pessoas grandes. Num piscar de
olho desmontaram toda a árvore de Natal, e conseguiram quebrar a metade dos
brinquedos antes mesmo de saber a quem eram destinados. Achei particularmente
engraçado um menino de olhos pretos e cabelos frisados que à viva força me
queria matar com a sua espingarda de pau. Entretanto, mais que todos, atraía-me
a atenção sua irmã, menina de onze anos, um amor de criança, meiga, cismativa,
pálida, com grandes olhos sonhadores à flor do rosto. Parecia que
os amiguinhos a tinham ofendido, pois veio ao salão onde eu estava sentado e, a
um cantinho. pôs-se a brincar com as suas bonecas. Os convidados apontavam, com
respeito, um rico negociante, pai da menina, e alguém observou, cochichando,
que ela já tinha trezentos mil rublos reservados como dote. Voltei-me para ver
quem se interessava por esses pormenores, e o meu olhar caiu sobre Julião
Mastakovitch o qual, de mãos cruzadas atrás das costas e inclinando a cabeça
para um lado, parecia acompanhar com particular atenção o mexerico de alguns
senhores. Pouco depois, não pude furtar-me a admirar a sabedoria dos anfitriões
na distribuição dos brindes às crianças. A menina que já tinha seus trezentos
mil rublos de dote ganhou uma boneca suntuosíssima.
Desde
então os presentes foram diminuindo de valor, de acordo com a diminuição da
importância dos pais daquelas crianças felizes. Afinal, a última’ um menino de
dez anos, magrinho, baixinho, sardento e ruivo, ganhou apenas um livrinho de
contos sobre as maravilhas da natureza, Das lágrimas da sensibilidade, etc.,
sem estampas e até sem vinhetas. Filho da governanta dos meninos da casa, uma
pobre viúva, era um pequeno muitíssimo encolhido e tímido, metido num pobre
paletozinho de nanquim. Recebido o seu livrinho, andou muito tempo à volta dos
brinquedos dos outros. Tinha uma vontade imensa de brincar com as outras
crianças, mas não se atrevia; claro, já sabia e compreendia a sua situação.
Gosto
muito de observar crianças. São sobremodo curiosas as suas primeiras
manifestações independentes na vida. Notei, pois, que o menino ruivo se deixava
seduzir pelos brinquedos dos outros, sobretudo pelo teatro, em que ele se
empenhava para representar um papel qualquer, a ponto de aviltar-se. Pegou a
sorrir para os outros, a cortejá-los, deu a sua maçã a um pequeno gordo que já
tinha o lenço cheio de presentes. e até se ofereceu para carregar outro, só
para que não o afastassem do teatro. No entanto, poucos minutos após um
rapazinho arrogante deu-lhe uma boa surra. o ruivinho nem teve coragem de
chorar. Logo apareceu sua mãe, a governanta, e ordenou-lhe não se intrometesse
nos brinquedos alheios. O menino retirou-se para o salão onde estava a menina
bonita. Esta o deixou aproximar-se, e as duas crianças entraram a enfeitar a
suntuosa boneca.
Fazia
já meia hora que eu estava sentado no caramanchão de hera, e quase adormecera
ao zunzum da conversa entre o ruivinho e a menina dos trezentos mil rublos de
dote, que se entretinham a respeito da boneca, quando de repente vi entrar no
salão Julião Mastakovitch. Aproveitando a distração dos presentes com uma briga
surgida entre as crianças, saíra do salão principal sem fazer barulho.
Notara
eu, poucos minutos antes, que ele mantinha animada palestra com o pai da futura
noiva rica, a quem mal acabara de conhecer, explicando-lhe as vantagens de
qualquer emprego público sobre os demais. Parou à porta, tomado de hesitação, e
parecia calcular alguma coisa nas pontas dos dedos.
-
Trezentos. . . trezentos – murmurava.- Onze.. . doze.. . treze… até dezesseis,
são cinco anos… Façamos de conta que sejam quatro por cento, são doze… cinco
vezes doze, sessenta; estes sessenta… bem, calculados por alto, ao cabo de
cinco anos serão quatrocentos. Está certo… Mas naturalmente o malandro não os
terá colocado a quatro por cento! Talvez receba oito ou até dez por cento.
Suponhamos que sejam quinhentos, no mínimo, sim, quinhentos mil, na certa. .. o
excedente gasta-se no enxoval, hum…
Acabou
a meditação, assoou-se, e, indo a sair do salão, súbito avistou a menina e
estacou. Como eu estivesse assentado atrás dos vasos de flores, não me pôde
ver. Tive a impressão de que o homem se achava muito excitado. Seria o cálculo
que operava esse efeito sobre ele, ou outro motivo qualquer? Não sei. seja como
for, o certo é que esfregava as mãos e não conseguia permanecer no mesmo lugar.
Quando
a sua agitação chegou ao cúmulo, parou um instante e lançou um segundo olhar,
muito resoluto, à futura noiva. Quis aproximar-se dela, mas primeiro olhou em
redor. Depois, como quem tem sentimentos criminosos, aproximou-se da criança
nas pontas dos pés. Com um sorrisinho nos lábios, inclinou-se para ela e beijou-a
na testa. A menina, não esperando a agressão, gritou assustada.
- Que
é que você está fazendo aqui, bela menina?;perguntou ele em voz baixa.
E,
olhando em torno de si, deu-lhe uma palmadinha no rosto.
-
Estamos brincando…
- Com
ele? – disse Julião Mastakovitch fitando o menino de esguelha.
E
logo acrescentou:
-
Escuta, meu amigo, por que não vais para o salão?
O
menino fitava-o sem falar, de olhos arregalados. Julião Mastalovitch olhou de
novo em redor e aproximou-se outra vez da pequena:
- Que
é que você tem aí bela menina? Uma bonequinha?- Uma bonequinha – respondeu a
criança de cara fechada, cabisbaixa.
- Uma
bonequinha… Mas você sabe, gentil menina, de que é feita a bonequinha?
- Não
sei… – cochichou a pequena, abaixando ainda mais a cabeça.
- De
trapos, minha alma… Mas tu, meu filho, deverias ir para o salão brincar com os
teus camaradas, – disse Julião Mastakovitch encarando o menino com severidade.
As
duas crianças franziram a testa e agarraram-se pela mão. Não queriam
separar-se.
-
Sabe você por que lhe deram essa bonequinha? – perguntou Julião Mastakovitch
baixando cada vez mais a voz.
-
Não.
-
Porque você é uma criança boa e se comportou bem a semana toda.
Perturbado
a mais não poder, Julião Mastakovitch lançou mais uma vez um olhar em roda, e
baixou a voz de modo que a sua pergunta, formulada em tom impaciente e
embargada pela emoção, saiu quase imperceptível:
-
Diga-me, gentil menina: você gostará de mim se eu fizer uma visita a seus pais?
Havendo
proferido tais palavras, Julião Mastakovitch quis beijar a pequena mais uma
vez; mas o menino, vendo-a prestes a romper no choro, puxou-a pela mão e,
compadecido, começou, ele próprio, a choramingar.
Dessa
vez Julião Mastakovitch aborreceu-se deveras.
-
Vai-te embora – disse ao menino – Vai para a sala brincar com os teus
camaradas.
- Não
vá, não – protestou a menina. – Você é que deve ir-se embora. Deixe-o aqui,
deixe-o – disse quase soluçando.
Alguém
fez barulho à porta. Assustado, Julião Mastakovitch ergueu no mesmo instante o
corpo majestoso. O menino ruivo, porém, assustou-se ainda mais do que ele,
largou a mão da menina e, devagarinho, roçando a parede, caminhou do salão à
sala de jantar. Para não despertar suspeitas, Julião Mastakovitch também passou
à sala de jantar. Estava vermelho feito uma lagosta e, mirando-se ao espelho,
parecia até envergonhado de si mesmo, talvez arrependido da sua sofreguidão.
Teria sido o cálculo feito na ponta dos dedos que o arrebatara a ponto de
inspirar-lhe, apesar de toda a sua seriedade e gravidade, um procedimento de
criança? Aproximava-se de chofre do seu objetivo, embora este não viesse a
tornar-se um objetivo real antes de cinco anos, no mínimo.
Acompanhei
o respeitável cavalheiro a sala de jantar, e ali testemunhei um espetáculo
curioso. Rubro de raiva e despeito, Julião Mastakovitch perseguia o menino
ruivo, o qual, recuando cada vez mais, já não sabia para onde correr:
- Sai
daqui! Que diabo vens fazer aqui, velhaco? Vieste roubar frutas, hem? Vieste?
Fora daqui, patife! Vai, fedelho, procura os teus camaradas!
Espantado,
o pequeno recorreu a um expediente extremo: foi esconder-se debaixo da mesa.
Então o seu perseguidor, no auge da excitação, puxou do bolso o grande lenço de
batista e, brandindo-o, procurou enxotar o menino do seu esconderijo.
Este
se encolhia caladinho, sem se mexer. Cumpre observar que Julião Mastakovitch
era um tanto gordo: rapaz bem nutrido, corado, barrigudo, de pernas robustas, –
em uma palavra, como se costuma dizer, redondo e forte como uma noz.
Suava,
enrubescia, arfava terrivelmente. Estava exasperado por um sentimento de
indignação e, quem sabe, de ciúme. Não pude conter uma gargalhada. Julião
Mastakovitch virou-se e, a despeito de toda a sua importância, ficou
mortalmente acanhado. Nesse instante, na porta oposta, apareceu o dono da casa.
O ruivinho saiu logo do esconderijo e pôs-se a limpar os joelhos e os
cotovelos. Julião Mastakovitch, com um gesto rápido, levou ao nariz o lenço que
tinha na mão, seguro por uma das extremidades.
O
dono da casa fitava-nos aos três, perplexo, mas, como homem que conhece a vida
e a considera pelo lado sério, resolveu aproveitar a circunstância de
encontrar-se quase a sós com o seu hóspede.
- É
este o menino – disse indicando o ruivinho – que tive a honra de lhe
recomendar…
- É?
– respondeu Julião Mastakovitch, que ainda não voltara inteiramente a si.
- É
filho da governanta de meus filhos – prosseguiu o dono da casa em tom de
solicitação -, uma senhora pobre, viúva de um funcionário honesto; portanto,
Julião Mastakovitch… se for possível. . .
- Mas
não é;exclamou sem demora Julião Mastakovitch. – Perdoe-me, Filipe
Alexeievitch, é totalmente impossível. Pedi informações… No momento não há
vaga, e, ainda que houvesse, já se tem dez candidatos, cada um mais qualificado
que este..
-
Sinto muito… muitíssimo..
- É
pena – disse o dono da casa. – É um menino bonzinho, modesto . . .
-
Pelo que vejo, é um grandíssimo vadio, – estourou Julião Mastakovitch, com uma
careta histérica. – Sai daí, menino. Que é que tu queres aí? Vai brincar com os
teus camaradas; disse ainda, voltando-se para o ruivinho.
Não
conseguindo mais conter-se, olhou para mim de soslaio. Por minha vez, não pude
deixar de lhe rir deliberadamente nas barbas. Ele desviou de mim os olhos, e em
voz bem alta perguntou ao dono da casa quem era aquele rapaz esquisito.
Saíram
os dois da sala cochichando. Vi que Julião Mastakovitch, ouvindo as explicações
de seu hospedeiro, abanava a cabeça, meio desconfiado.
Ri a
bom rir com os meus botões, e voltei ao salão. Rodeado de mamães, de papais e
dos donos da casa, o grande homem explicava alguma coisa com muito calor a uma
senhora a quem acabavam de apresentá-lo. Esta segurava pela mão a menina com
quem, dez minutos antes, Julião Mastakovitch representara a sua cena no pequeno
salão. Agora ele estava-se derramando em extáticos elogios à beleza, aos
talentos, à graça e à boa educação da gentil menina. Manifestamente engodava a
mamãezinha, que o escutava quase com lágrimas de enlevo. Os lábios do pai
sorriam. o dono da casa alegrava-se com essas alegres efusões. Os próprios
convidados tomavam parte no júbilo; até os brinquedos das crianças foram
suspensos para não se perturbar a conversa. Era uma atmosfera quase religiosa.
Logo
depois, ouvi a mãe da interessante pequena, comovida até o fundo da alma pedir
a Julião Mastakovitch, com expressões escolhidas, que lhe desse a subida honra
de distinguir-lhe a casa com sua preciosa visita, e ele aceitou o convite com
entusiasmo; enfim, ouvi os demais convidados, no momento da de despedida,
expandirem-se, como o exigiam as conveniências, em louvores comovidos ao rico
negociante, a sua mulher e a sua filha, e principalmente a Julião Mastakovitch.
- É
casado esse cavalheiro? – perguntei em voz quase alta a um conhecido que estava
mais perto dele.
Julião
Mastakovitch enviou-me um olhar indagador e feroz.
- Não
– disse-me o meu conhecido, profundamente penalizado com a leviandade que eu de
propósito cometera.
Passava
eu, há pouco tempo. em frente à igreja de ***, quando um grande ajuntamento me
despertou a atenção. Em redor falava-se de um casamento. O dia estava nublado,
começava a chuviscar; entrei na igreja abrindo caminho através da multidão.
Logo avistei o noivo. Era um rapaz baixo, gordo, bem nutrido, de ventre
ponderável, muito enfeitado, que corria para todos os lados, se agitava sem
parar, dava ordens. Enfim, levantou-se um murmúrio de vozes anunciando a
chegada da noiva. Fendi a turba de curiosos e vi uma jovem de admirável beleza,
para quem a primavera apenas começava. Mas estava pálida e parecia triste a
linda noiva.
Olhava
distraída e tinha os olhos vermelhos, o que me deu impressão de lágrimas
recentes. A severidade clássica de suas feições emprestava-lhe à beleza uma
expressão algo solene. Através daquela severidade, daquela gravidade, de toda
aquela tristeza, transpareciam os traços de uma criança inocente, algo de
incrivelmente ingênuo, juvenil e ainda não formado, que parecia, sem palavras,
implorar piedade.
Ouvi
observar que ela mal acabava de completar dezesseis anos. Examinando atento o
noivo, nele reconheci Julião Mastakovitch, que eu não via desde cinco anos.
Olhei
para ela… Meu Deus! Fendi a multidão outra vez para sair da igreja o mais breve
possível. Ainda ouvi um espectador dizer que a noiva era rica, que tinha
quinhentos mil rublos de dote… e não sei mais quanto para o enxoval.
-
Então o cálculo era justo; disse comigo.
- E
saí para a rua.
Fiódor Dostoiévski
Extraído do livro “Os Mais Brilhantes Contos de Dostoiévski”, 1970.
Extraído do livro “Os Mais Brilhantes Contos de Dostoiévski”, 1970.
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