O MEU PRESENTE DE GREGO
ADELAIDE
ABREU-DOS-SANTOS
Minha
vida sempre foi alegre e cheia de inesperados. Afinal nasci numa ilha do Oceano
Atlântico, lindíssima!
Uma
família alegre, fui a última, os três primeiros foram os meus irmãos e quando
nasci, a minha mãe decepcionada, perguntou ao meu tio João, que foi quem fez os
partos dela, ele era irmão do meu pai, perguntou-lhe decepcionada: - Outro
menino!? E meu tio, segundo o que minha mãe me contou, disse-lhe: - Cala-te que
não sabes o que falas.
Foi
uma felicidade só com a chegada da menina, que como vocês já imaginaram era,
eu! Minha mãe ficou radiante, enfim uma menina!
Vocês
devem imaginar como foi ser filha única e a mais nova. Laços, fitas, meias,
sapatos de verniz, laçarotes nos cabelos, enfim uma boneca humana... e ela
aproveitou bastante, graças a Deus o meu irmão que nasceu antes de mim foi quem
sofreu, pois eu detestava experimentar roupa e a minha mãe adorava costurar e
sempre fazia, vestidos com laços etc. etc., então o manequim era o meu irmão e
eu trepava em árvores, jogava futebol, brincava de polícia e ladrão e corria
para cá e para lá e só tinha que fazer a última prova, Ufaaaaa!!!
Isto
foi só para vocês terem um perfil, pois vou falar mesmo é do meu Presente de
Grego.
O
tempo foi passando, muda daqui, muda dali e vim parar em Coqueiral, para onde
trouxe a minha filha mais velha e onde nasceram as outras três.
Desciam,
brincavam, se escondiam, fugiam e foram crescendo. Um dia olhei a minha
terceira filha que estava com dezessete anos e disse-lhe, - Você está gravida!
Ela jurou que não, confessou que até já fizera exames e não tinha dado em nada.
Mantive a minha opinião e levei-a ao atendimento médico da Unidade de Coqueiral,
falei com a médica e a médica ficou-me olhando, tanto argumentei, apesar do exame
de sangue ter dado errado, que ela resolveu prestar atenção no que eu dizia e
sugeriu uma endovaginal.
Adivinhem
lá estava o meu Presente de Grego com onze semanas e cinco dias. Seria o
primeiro filho de uma filha, portanto estava-me transformando em avó. Foi um
choque, mas não uma decepção, não permiti o aborto e prosseguimos com os
cuidados necessários, para mãe e filha. No dia 23 de abril, levei-a para a Promatre
de Vitória, deixei-a lá por volta das onze e meia(23h30’), me dispensaram e
voltei para casa. Às seis horas da manhã despertou-me o telefone, nesta época
não existia celular ainda.
A
pessoa do outro lado da linha, me perguntou se eu era a mãe de uma lourinha,
confirmei e me disseram, que eu fosse imediatamente para a Promatre, pois o
médico queria falar comigo. Lá fui eu.
Chegando
lá informaram-me que ela passou a noite correndo pelos corredores, com o soro e
seu suporte, pois não queria ser tocada pelo médico. Imagino a comédia e o estresse
do médico.
Fui
conversar com o médico e ele me solicitou, que ficasse com ela, assim o fiz, fiquei
acalmando a minha filha e mostrando-lhe a importância de zelar pelo bebê. Lá
pelas tantas chega um médico rabugento e manda que me retire da enfermaria,
assim o fiz,
Não
fiquei meia hora lá fora e me disseram, que o médico estava me chamando, pensei
que seria o que me atendeu logo no início, qual nada era o médico resmungão,
exigindo que eu voltasse para a cabeceira da minha filha, pois percebeu que não
iria conseguir nada com ela. Que eu a acalmasse para poder ser feito o parto.
Fiquei
com ela conversei e fomos evoluindo, mas fui observando que o médico não vinha
e os académicos passavam e nem a olhavam, comecei a me preocupar com o bebê,
pois já passava da hora do almoço, ela já estava lá há muito tempo, então falei
para os acadêmicos, que íris tomar as minhas providências, pois estava
preocupada com a minha filha e com o bebê.
Fui
lá p’ra fora, mas na verdade ia falar com a minha cunhada, pois o Diretor era
vizinho dela, só que pensaram que ia chamar a imprensa, chamaram-me, pois iam
proceder ao parto e gostariam que eu estivesse junto para acalmá-la. Quando
cheguei à Sala de Parto, meu Presente de Grego estava acabando de estrear na
vida.
Depois
disso, foi pura babação, a minha neta chegou no dia 24 de abril de 2004. Fiquei
radiante e enamorada por aquela coisinha.
Minha
filha resolveu dar-lhe o nome da minha mãe, pois adorava a avó, assim foi que
ela recebeu o nome de Joana.
Claro
que vocês devem imaginar a maturidade da minha filha, amamentava e sempre que
podia escapar dava uma fugidinha, quando a Joana fez uma semana a mãe a colocou
do meu lado na minha cama, foi assim que virei vó-mãe, mas sem nunca assumir,
pois tinha consciência que a mãe era a minha filha e não eu.
Joana
foi crescendo e aonde eu ia ela estava, fiz tudo o que pude para que nunca lhe
faltasse atenção e carinho. Levava-a a todos os lugares onde eu fosse, desde
que fosse um ambiente que não a prejudicasse.
Nessa
época já dava aula numa escola e havia várias atividades como: canto; GR; e
outras atividades, Joana era a mascote, já que a escola era de Ensino
Fundamental II, mas a Diretora sempre me apoiou, não só a mim como à equipe de
uma maneira em geral, foi a melhor e mais humana Diretora que conheci. A
prioridade dela eram os alunos e sua evolução e ela primava por ter ensino de excelência.
A
Joana era privilegiada, já que envidava todos os esforços, para prodigalizar-lhe
uma amostra da minha infância, que foi sensacional.
Quando
estrou na Escola São Judas Tadeu em Santa Mônica, aprendeu a ler rapidamente e
foi a oradora de sua turma com orgulho da família inteira de ver aquela
bonequinha linda lendo no palco para o público de pais. A Escola São Judas
parou de lecionar e então trouxe-a para a frente de casa, para a Escola Cecília
Meireles, neste ano já inclui a irmã, que é dois anos mais nova e as duas
estudavam juntas, cada uma em sua sala de acordo com a faixa etária e a Joana
continuou a se desenvolver. Ao concluir o 5º ano a matriculei na Escola
Luterana do IBES, meus sobrinhos haviam estudado lá e eu sabia que era uma
escola de excelência.
Estudou
do 6º ao 9º ano, sempre elogiada pelos professores. Sempre foi o meu orgulho,
ia às reuniões e só ouvia elogios às atitudes dela, bem-comportada, aplicada,
inteligente, participativa, tudo que os responsáveis gostam de ouvir.
Com
tanto orgulho não medi esforços e matriculei-a no UP, pois acreditava
plenamente nela, continuava excelente aluna e terminou o 3º ano com média 98, é
ou não é para se ter orgulho e investir sem medo.
ela MIRANDO UM
FIORDE NA NORUEGA
Neste
meio tempo fui visitar a minha segunda filha que vive com o marido na Noruega,
providenciei passaporte e passagens e levei-a comigo, fomos à França, Holanda e
por fim Noruega. Quando ela terminou o Ensino Médio paguei a viagem dos sonhos
para Porto Seguro com os colegas, recentemente comentou que estava fazendo um ano
da melhor viagem da vida dela.
Voltando
aos estudos disse-me que seu sonho era estudar Engenharia Aeroespacial,
conversei com ela explicando que não teria como bancar, mesmo porque teria que
ser no exterior. Conversei com ela e sugeri que tentasse Engenharia Mecânica
que seria uma boa base, para posteriormente fazer um pós-graduação para a área
dos seus sonhos.
Relutou,
mas um belo dia após pesquisas realizadas por ela, disse-me que estava
entusiasmada e ia fazer vestibular para Engenharia Mecânica, fez o vestibular e
passou. Fez o 1º período, foi razoavelmente bem, com apenas uma matéria de
recuperação no final do período. Claro que como sempre, paguei todas as parcelas
da faculdade e foi depois de todo esse período, que o encanto se desfez e o
Presente de Grego se materializou.
Passei
a ser uma bruxa, uma megera para a minha predileta e o encanto se quebrou, até
ameaças recebi e ela e o namorado chamaram a polícia, dois policiais muito
cordatos e educados, conversei com eles o Sargento Lucas e o Almeida(não lembro
a patenete), uma dupla incrivelmente educada e muito bem-preparada.
O
meu encanto se quebrou e todo o meu investimento de amor se perdeu. Estou atônita,
pois nunca esperei nada semelhante, mesmo percebendo que ela é egoísta, nunca
esperei algo tão atroz, meu mundo ruiu, não culpo ninguém só a imaginação alienada
dela, deve estar deslumbrada, achando que os outros têm famílias melhores do
que as dela, pois é disso que ela se queixa. Desejo que você seja feliz.
Você
foi apenas um mito que passou na minha vida, não me arrependo de ter me
dedicado a você, só lamento não ter me preparado para esse desfecho.
A
ex-avó da Joana desiludida, mas com mais experiência de vida e decepção. A verdade
é que poderia ter sido pior, tenho oito netos, apenas perdi uma.
EX-AVÓ E EX-NETA NA NORUEGA