Get me outta here!

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

ANÔNIMO - CAIXA DE PANDORA - MITOLOGIA

A Caixa de Pandora


         ANÔNIMO
       A história de Pandora começa bem antes da própria Pandora.

    
 Segundo a mitologia, antes que o Céu e a Terra fossem criados, tudo era UNO(Um). Isso era chamado de Caos. Um grande vazio sem forma, em que potencialmente, continha a semente de todas as coisas. A terra, a água e o ar eram um só. A terra não era sólida, nem a água líquida; o ar não era transparente e nem volátil. Mas aí os deuses e a natureza começaram a interferir: a terra foi separada da água e, sendo mais pesada, ficou embaixo; a água tomou os lugares mais baixos da terra e a molhou; e o ar, quando se tornou mais puro, ficou no alto, formando o céu onde as estrelas começaram a brilhar. Foi dada aos peixes e a outros seres aquáticos a possessão das águas, rios e mar; aos pássaros, o ar; e aos outros seres a terra.
Porém, sentia-se falta de um animal mais nobre, onde um espírito pudesse ser alojado, tinha que ser feito, e aí surgiu a ideia de se criar o Homem. Esta tarefa coube a Prometeu ("aquele que prevê"), e seu irmão Epimeteu ("aquele que pensa depois" ou "o que reflete tardiamente"). Eram filhos de Jápeto, que por sua vez era filho de Urano (Céu) e de Geia (Terra) e descendiam da primeira geração dos gigantes destronados por Zeus, os Titãs. Eles haviam sido poupados da prisão por não terem lutado contra os deuses na disputa para dividir os territórios.
     
     Para executar sua tarefa, Prometeu sabia que nas entranhas da terra dormiam algumas sementes dos céus. Então, pegando em suas mãos um pouco de terra, molhou-a com a água de um rio e obteve argila; moldou-a, cuidadosamente, carinhosamente, até obter uma imagem que fosse semelhante à dos deuses. Mas ainda faltava dar vida àquele boneco. Epimeteu havia criado todos os animais, dotando cada um deles com características como a coragem, a força, os dentes afiados, as garras, as asas etc. Como o homem foi criado por último, o estoque das qualidades estava reduzido. Então Prometeu procurou por características boas e más nas almas dos animais e colocou-as, uma a uma, dentro do peito do homem. E o homem adquiriu vida. No entanto, ainda faltava alguma coisa, algo mais forte, o Sopro Divino. Prometeu tinha uma amiga entre os deuses, Atenas, deusa da Sabedoria. Esta admirou a obra do filho dos Titãs e insuflou naquela imagem semi-ani -mada um espírito. E os primeiros seres humanos passaram a caminhar sobre a terra, povoando-a.
Prometeu ensinou diversas coisas ao homem. Ensinou a domesticar animais, fazer remédios, construir barcos, escrever, cantar, interpretar sonhos e buscar riquezas minerais. Porém, enfureceu Zeus ao roubar o fogo dos deuses e dá-lo aos homens. Zeus decidiu, então, vingar-se de Prometeu e dos homens.
Prometeu foi acorrentado a uma montanha. Sua condenação foi passar a eternidade preso a uma rocha, aonde uma ave viria comer seu fígado. Toda noite seu fígado se regeneraria e a ave voltaria no dia seguinte pra lhe comer o fígado novamente.
Para castigar os homens, Zeus ordenou que o Deus das Artes, Hefesto, fizesse uma mulher parecida com as deusas. Hefesto lhe apresentou uma estátua linda. A deusa Atena lhe deu o sopro de vida, a deusa Afrodite lhe deu beleza, o deus Apolo lhe deu uma voz suave e Hermes lhe deu persuasão. Assim, a mulher recebeu o nome de Pandora (aquela que tem todos os dons).
Pandora foi enviada para Epimeteu, que já tinha sido alertado por seu irmão a não aceitar nada dos deuses. Ele, por “ver sempre depois”, agiu de forma precipitada e ficou encantado com a bela Pandora. Ela chegou trazendo uma caixa (não era necessariamente uma caixa, mas um jarro) fechada, um presente de casamento para Epimeteu.
Epimeteu pediu para Pandora não abrir caixa, mas, tomada pela curiosidade, não resistiu. Ao abrir a caixa na frente de seu marido, Pandora liberou todos os males que até hoje afligem a humanidade, como os desentendimentos, as guerras e as doenças. Ela ainda tentou fechar a caixa, mas só conseguiu prender a esperança.
Desde então a história de Pandora está associada com fazer o mal que não pode ser desfeito. Nesse mito também está o nascimento do pensamento sobre o bem e o mal que a mulher pode causar.
  É interessante perceber o motivo de a esperança estar presente entre os males trazidos por Pandora à Terra. Para algumas interpretações, a esperança está guardada e isso é bom. Entretanto, compreendendo a lógica do mito, pode-se ler a história de forma pessimista, pois a esperança está guardada dentro da caixa e a humanidade está sem esperança. Essas duas leituras admitem que a esperança seja algo bom.
Diferente da leitura anterior, Friedrich Nietzsche (1844-1900) escreveu, em Humano, Demasiado Humano, que “Zeus quis que os homens, por mais torturados que fossem pelos outros males, não rejeitassem a vida, mas continuassem a se deixar torturar. Para isso lhes deu a esperança: ela é na verdade o pior dos males, pois prolonga o suplício dos homens”.

Outra leitura é traduzir a palavra grega Elpis como expectativa ao invés de esperança. Assim, o homem é poupado de ter a expectativa do mal a todo instante, tornando a vida algo suportável apesar dos males.

0 comentários:

Postar um comentário