UM OVO DE PÁSCOA PARA BADUSKA
ELIZABETH ORTON JONES
DE MAMINKA’SCHILDREN
ERA ainda muito cedo. O galo, grande de penas verdes, foi o
primeiro a cantar: - Co-co-ri-có!
Depois, um pardalzinho pipilou. O cavalo,
na cocheira, bateu com a pata no chão. A velha vaquinha começou a comer. Um novo
dia surgia! E era, justamente, véspera de Páscoa!
Marianka se levantou para dar de comer às
galinhas. Vestiu-se, colocou o lenço vermelho na cabeça e, pé ante pé, desceu
as escadas e foi para a cozinha. Encheu uma tigela com a mistura para aves e
colocou no bolso: uma linda ameixa azul, uma pimenta verde-brilhante, uma folha
de couve verde-clara, uma beterraba encarnada, um punhado de arroz branquinho e
a casca de uma maçã vermelha. Depois, saiu, passou pela cocheira e foi dar de
comer às aves, no lugar costumeiro.
-Pri-i-i-i-i-i! – Era assim que Marianka
chamava as galinhas e, à medida que elas apareciam, jogava-lhes a mistura. - Pri-i-i-i-i-i!
Venham!
Em pouco tempo, todas elas estavam em volta
da menina: a galinha ruiva que punha ovos pequenos e escuros; a galinha branca
que punha, também, ovos pequenos, mas claros como algodão, e a grande Carijó
que punha ovos grandes e pintados. E como eram lindos seus ovos!
Naquele dia, Marianka queria que a Carijó
pusesse o ovo mais bonito do mundo, porque, no dia seguinte, era domingo de
Páscoa e a menina desejava fazer uma surpresa à sua irmãzinha, Baduska. Por
isso, deu toda a casca da maçã vermelha para a Carijó comer.
- Có-có! Cacarejou a Carijó, engolindo-a.
Marianka, depois, deu-lhe a linda ameixa
azul. Deu-lhe a pimenta verde-brilhante e, logo depois, a folha de couve
verde-clara. A Carijó, em seguida, bicou a beterraba encarnada até a última
migalha. E, por fim, a menina espalhou, no chão, o arroz branquinho para que a
galinha o comesse.
- Có-có! Cacarejava a Carijó, a todo o
momento. Marianka esperava que a Carijó pusesse um ovo com pintas coloridas.
Seria um ovo pintado de vermelho, azul, verde-brilhante, verde claro, encarnado
e branco. Durante toda a manhã, a menina esperou pelo ovo. No entanto, a Carijó
não pôs essa espécie de ovo. Na verdade, naquela manhã, ela não pôs ovo algum.
Marianka esperou a tarde toda. Esperou até
a hora da ceia. Afinal, ela não pôde esperar mais. Apanhou os ovos escuros e os
claros que as outras galinhas tinham posto e correu à cozinha a fim de
entregá-los à mãe.
- “Maminka”, disse a menina, entregando-lhe
seis ovinhos, aqui estão alguns ovos para a senhora.
- Muito obrigado, queridinha, disse a mãe.
Vou fazer um gostoso bolo de Páscoa.
A mãe, então, amarrou o avental na cintura,
quebrou os ovos dentro de uma tigela grande e começou a preparar o bolo.
- “Ma-min-ka”!
- Que quer você, agora? – perguntou a mãe.
- Sabe o que a Carijó comeu, esta manhã? –
E, contando nos dedos, Marianka continuou: - Uma linda ameixa azul, uma pimenta
verde-brilhante, uma folha de couve verde-clara, uma beterraba encarnada, um
punhado de arroz branquinho e a casca de uma maçã vermelha. Depois de ter
comido tudo isso, a senhora não acha que a Carijó podia ter posto o ovo mais
bonito do mundo?
- Certamente que acho! – riu a mãe,
continuando a bater os ovos.
- Ele seria o meu presente de Páscoa para
Baduska, murmurou Marianka, tristemente.
- Queridinha, disse a mãe, dando-lhe uma
palmadinha no rosto. Vá dormir! Talvez, amanhã, a Carijó ponha esse ovo que
você tanto deseja oferecer a Baduska.
Marianka obedeceu, prontamente, à mãe.
Na manhã seguinte, o galo grande, de penas
verdes, cantou: - Co-co-ro-có! Logo, Marianka se levantou para dar de comer às
galinhas. Vestiu-se, colocou o lenço vermelho na cabeça, desceu as escadas e
foi para a cozinha.
Encontrou a mãe, junto do fogão, com as
faces coradas, terminando o bolo de Páscoa.
- “Maminka”! – gritou a menina, pulando e
batendo palmas.
Marianka nunca tinha visto coisa mais
bonita! Em cima do fogão, voavam seis pequenos pássaros; três claros e três
escuros. Eles tinham sido feitos com as cascas dos ovos. As cabeças, as asas e
os rabos eram de papel amarelo.
- Psiu! – fez a mãe. São para Baduska.
- Que bom, “Maminka”! – murmurou a menina.
Marianka estava tão feliz que encheu a
tigela, com a mistura das aves, até as bordas. Estava tão contente que passou
pela cocheira, dançando, só parando para dar de comer às galinhas, no lugar
costumeiro.
- Pri-i-i-i! Venham! Hoje é domingo de
Páscoa! – disse Marianka, muito satisfeita, enquanto jogava a mistura para as
galinhas. – Pri-i-i-i!
Apareceram, logo, a galinha ruiva, a
galinha branca e o galo grande, de penas verdes. E a Carijó? Onde estaria?
Marianka correu ao galinheiro e abriu a porta. Lá estava a Carijó, sentada no
ninho.
- Carijó! – disse a menina. Você pôs um ovo
como eu queria?
- Có-có! Có-có! – cacarejou a Carijó, levantando-se
do ninho.
- Oh! Oh! – exclamou a menina.
Que coisa assombrosa! No ninho da Carijó
estava um lindo ovo1 Ele era pintado de vermelho, azul, verde-brilhante,
verde-claro, encarnado, branco e, também, estava cheio de pequenas listras e
flores delicadas, formando uma linda guirlanda. Era, realmente, o ovo mais
bonito do mundo!
- Obrigada, minha Carijó, disse Marianka,
abraçando-a. Posso oferecê-lo a Baduska?
- Có-có! Có-có!
– cacarejou a galinha, parecendo dizer: “pois não, pois não”...